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Vive lá revolución... (assim que escreve?)



A TV americana foi revolucionada em 1990 com uma séria chamada Twin Peaks. Não dá pra dizer que a história é simples, pois não é não posso muito menos contar aqui mais ou menos o enredo, por que obviamente se a série é boa definir ela em poucas palavras e ainda contar o enredo seria complicado. Mas posso dizer que tudo começa com um corpo enrolado em saco plástico boiando em um rio muito gelado na cidade de Twin Peaks, norte dos estados unidos, quase fronteira com o Canadá. A vítima era Laura Palmer, rainha do baile de formatura, namorava o capitão do time de futebol, mas fora essa parte que todos conheciam ela era figurinha carimbada do Jack Caolho, bar onde só freqüentava a escória de Twin Peaks e onde ela já havia sido comida por todos do bar e algumas vezes ao mesmo tempo.

Nada mais emblemático do que uma série que revolucionou a tv americana começar matando justamente a figura mais icónica do EUA, Laura Palmer "interpretada" (aspas por que na série ela aparece morta, mas no filme ela esta viva, chego no longa mais a frente...)por Sheryl Lee ( com certeza vocês não conhecem por que não prestaram atenção, ela ja fez de tudo). Em Twin Peaks os diálogos eram mais do que afiados por que não só se referiam a história mas podiam facilmente ser encaixados em qualquer conversa que tentasse destruir o american way of life.

Criação de um cara que até antes de assistir eu odiava, David Lynch, essa série mudou a maneira como as pessoas assistiam televisão por que agora elas se viam lá, mas não da maneira ostensiva que era costume em séries como Barrados no Baile e Melrose Place, as principais atrações daquela época, mais ou menos.

Kyle MacLahalan interpretava o detetive Dale Cooper que ficava maravilhado com as menores coisas que ele achava tão fantástico em Twin Peaks, por exemplo a melhor torta de cerejas que ele já comeu, o melhor café que ele já tomou, o melhor hotel rústico que ele já dormiu e tudo isso ele confessava a um gravador que ele chamava de Diane. Eu li como sendo toda a arrogância americana de seu próprio arsenal de maravilhas sendo confessados para ninguém, ou para uma maquina tão automática quanto o próprio comportamento deles, pelo menos naquela época em relação a televisão. A família de Laura Palmer era o que há de mais bizarro, desde que soube da morte da filha o pai de Laura não parava de chorar e ignorava o fato da mãe ter tido visões da morte da filha, antes mesmo dela morrer, e mais a frente, onde não me cabe tocar no assunto, se descobre mais mistérios (!) na família. O psiquiatra de Laura conversa com um coco. A melhor amiga, que na verdade era inimiga, tem que dar em cima de todos os homens por que o pai não presta atenção em qualquer coisa que ela diga ou faça. O amante de Laura é o principal traficante da escola.

A série ainda contava com uma estruturação de símbolos que ajudavam a contar a história. Dale Cooper tem certo sonho, que como ele costuma interpretar, é premonitório. Este sonho é estranho e com anão que fala ao contrário, com o próprio Dale mais velho, Laura que não é Laura, mas é uma prima e uma sala com cortinas vermelhas e um piso bicolor. Quem assiste o sonho obviamente não compreende, mas ao decorrer da série tudo que estava nele era um símbolo que ajudaria Dale a desvendar o assassinato de Laura.

Por não acreditar que a audiência se irritaria com sua retratação real e muito menos achar que eles seriam burros de não entender um código tão complexo como o sonho, David Lynch revolucionou a televisão, a narrativa das séries americanas. E tudo isso confiando no publico.

Alguém se habilita fazer isso pela televisão brasileira??? não??? ninguém??? pensei...

PS.: quem quiser ver pode pegar em DVD, aqui em São Luís tem lá no Armazém da Imagem por apenas 6 reais e você fica por uma semana com ele em casa! VIVA!

5 Comments:

Anônimo said...

David Lynch � muito estranho.
Acho que nem ele entendo oque faz, mas quando tem no�o do que faz, cria coisas bem legais, como Twins ...
:P

Nossa, ontem eu vi carga pesada. Nem que que continuar falando n�...
:S

Rafael Carvalhêdo said...

Hum! Massa! Tu já tinha me falado dessa série...quero alugar! Mas nates vou terminarde assistir Roma, que peguei emprestado.

Cara! Pelo que tu falou, essa série foi realmente determinante para o tipo de teledramaturgia que existe nos EUA hoje.

Aqui no Br falta algo assim, que inove, tenha uma qualidade artística superior, mas que conquiste um grande público assim como a novela das 8. Temos criações com Hoje é Dia de Maria e Pedra do Reino, mas que são de uma complexidade e sim bolismo muito grande pra os Brasileiros. Nada didático!

Essa série me lembrou um pouco Desperate, mas um pouco mais sombria pela aparência.

Agora quero assistir!

Pedro Canto said...

Mas caio, "simbolismo muito grande para os br asileiros" é subestimar achando que a massa é burra e a unica pessoa que concorda com isso é a Cintia Sapequara

Luca said...

rapá, axu ki vcs tão pirando no batatão correlacionando produção americana com produção brasileira. té pq aqui de ficção só se tem novela, minisséries...o único "seriado" q temos é malhação...pelo menos té onde eu saiba...hasuahsuahsua

ainda assim, eu naum penso q isso seja determinado pelo tipo de público q temos naum...talvez pela falta de ousadia. mas fikemos ainda com hoje é dia de maria.

hasuahsuahsu

[pedrin, tu tem o DVD?]

Davi Coelho said...

Moço, isso me pareceu muito interessante sim. E eu ainda preciso ver Veludo Azul!

Abraço fio!