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Te Quero América

Uma das melhores surpresas do ano , até agora, acabou do me acontecer no que se refere a televisão. Estreou no mês de junho no fantástico um quadro chamado “Te Quero América”, não me recordo de ter ouvido falar antes. É um quadro mensal.

Denise Fraga interpreta Maria, corretora de seguros, divorciada e muito dedicada ao trabalho. Fruto de sua dedicação Maria é eleita a funcionária do trimestre e ganha uma viagem para Ushuaia, que segundo o próprio chefe é o fim do mundo. Já em Ushuaia, Maria conhece acidentalmente um homem que se oferece para acompanhá-la em um passeio de barco que ela fará em algumas horas. Depois desse passeio de barco, onde ele explicou ser um andarilho e que pretende passar por vários pontos da America Latina, ele a leva a uma lancha para passarem a noite juntos. Ela é acordada pelo verdadeiro dono do barco que a expulsa e vai embora levando o casaco do homem (não recordo o nome) e todo o seu dinheiro. A partir daí quando percebe que está com o dinheiro Maria vai tentar encontrar o homem que a encantou em qualquer lugar da America Latina, sendo que ele acredita ter sido assaltado por ela.


Com este ponto de partida, por si só bem interessante, “Te Quero América” mistura essa ficção com documentário. A mistura é feita, por exemplo, quando Maria entra no barco,o cenário é o Canal de Beagle (foto) e um narrador começa a explicar que lugar é aquele, talvez uma das paisagens mais gélidas e lindas da America Latina, onde Charles Darwin dedicou boa parte de sua pesquisa e escreveu dois capítulos de “A origem das Espécies”, livro que veio a mudar o mundo.

Outro exemplo de como a narrativa é acrescentada pela informação, é quando a atenção é desviada momentaneamente dos protagonistas para explicar quem é o dono do barco que expulsou Maria, e com depoimento do próprio barqueiro contar como porque e desde quando ele está ali. Personagens ficcionais são jogados, vivendo uma história tocante, no meio de ambientes reais com personagens reais.

O texto é uma sensação a parte, bem escrito e atuado lindamente pelo casal central (Denise Fraga e João Miguel) são falas curtas que tratam exatamente da timidez daquele casal inusitado e cativante. E a beleza está em coisas como no momento em que estão em completo silêncio e Maria tenta se descrever quebrando o silêncio com a fala: “eu sou vendedora de seguros e tenho um gato”, volta-se o silencio. Um pouco mais a frente, já no barco ele fala pra Maria: “eu tenho uma mochila, e tudo que eu tenho na vida cabe nela.”. Com poucas frases, muitos olhares e gestos que falam mais do que qualquer depoimento acrescentado, os personagens se apaixonam.

Trilha sonora oportuna, fotografia excelente, edição hábil, locações belíssimas e... não tenho tanto adjetivo positivo pra ficar descrevendo os vários aspectos que me levaram a ficar embasbacado ao assistir te quero América.

Coisas novas na televisão brasileiras ainda existem, a gente só não sabe muito bem onde procurar. Denise fraga é cabeça de vários desses projetos originais que surgem no fantástico e são de um frescor invejável, mas infelizmente pouco vistos. Como alguém que se propõe a estudar as possibilidades narrativas que surgirão com a TV digital, vejo agora em “Te Quero América” uma alternativa para a narrativa dentro da interface digital e de interação imersiva do receptor.

Numa inteligente mescla de documentário com ficção, personagens ficcionais interagem muito bem com os reais, e a partir desses reais, criam-se ângulos de apreciação da paisagem proposta. Pra mim é o maior trunfo da TV brasileira neste ano rumo a mudanças definitivas na linguagem da teledramaturgia. Com essa relação estabelecida, a máxima da narrativa, que seria identificação entre expectador e personagens, é feita imediatamente. E somada as interpretações (reais, sensíveis e precisas) todos, ficcionais ou reais, são personagens cativantes.

ps.: querendo falar muito, me perdi um pouco neste texto, tenho muito ainda o que falar sobre Te Quero América. Há o roteiro bem trabalhado, as atuações, em específico a de Denise Fraga que ainda terá um texto próprio aqui, a direção, e as informações que são distribuídas ao longo dos 15 minutos de duração e estas não são qualquer coisa, além de completar a narrativa, são as mais oportunas possíveis.

Te Quero América: domingo, no fantástico, sem hora definida. Mensalmente
Site com os episódios:http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,9257,00.html

5 Comments:

Pedro Canto said...

O link alí não funcionou de jeito nenhum mas aqui está
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,9257,00.html

Rafael Carvalhêdo said...

Pedro! Eu assisti! :O

É simplismente espetacular, cara! Adorei. Pena que não pude assistir totalmente concentrado no dia, tinham pessoas do meu lado e tal.

Mas essa me pegou de surpresa também...fantástico...Também fiquei meio embasbacado com as atuações...mas se olharmos para as falsas situações cênicas, vemos que aquelas interações reais ajudaram muitos os atores...me pareceu improvisaçõa baseada em um esqueleto, o resto tudo foi por conta da perspicacia dos atores.

É mensal? Pensei q fosse semanal! Quero muito assistir novamente, mas não tenho assinatura da Globo...me ajuda!!!

Marina Moura said...

Nunca assisti.
Mas você, nesse texto persuasivo, deu a idéia. Creio que vou segui-la.

Oi, menino da tv.
:)

Unknown said...

Pedro,

Assiti agora há pouco ao segundo episódio da série. O link funcionou em parte, pois as imagens não acompanharam o som, da metade do vídeo em diante. Quanto ao primeiro episódio, logo após iniciado, o som deu lugar a um barulho como se estivesse fora do ar. Paciência!!!

Polyana Amorim said...

ai, pedrin...essa série é realment linda...os planos[quesito que arrisco opinar]são perfeitos...tem um quê de documentário, mas uma leveza q nunk vi em lugar algum...as cenas parecem ter recebido um filtro, bem sútil e fino q dão essa leveza na imagem...sem falar no cenário, maravilha!
ah, e a Denise dispensa comentários