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O Melhor "Piloto" de Todos


"Pilotos" são chatos, isso é fato. Mas tenho calado minha boca quanto a isso vide alguns posts recentes. Pra jogar a pá de cal na minha afirmação, Programa Piloto, aquele especial de "fim de ano" da Globo, é uma das coisas mais divertidas que a TV brasileira fez desde o fim de Os Aspones.

Fernanda Torres e Andrea Beltrão fazem duas estrelas de telenovela que estão velhas demais pra ser mocinhas e por isso têm que se sujeitar a tudo que há de mais escrachado no melodrama pra aparecer no vídeo. E o programa é delas! Por isso já vale a pena o esforço de baixar o programa. Mas vale muito mais o esforço ao ver todos os clichês de telenovela sendo divertidamente usados, um texto rápido que faz 40 min. parecer um susto. 


Estou aqui no trabalho e precisei vir correndo aqui porque comecei a rir sozinho lembrando de Fernanda Torres implorando pra levar pelo menos uma dúzia de pedradas, porque já que é pra ser apedrejada na novela que seja pelo menos uma dúzia... afinal é o grande momento dela na trama!

Estou louco pra ver de novo, uma sensação que só tinha com Os Normais e Friends, ou seja, comédias tão boas que quanto mais se assiste, mais engraçado fica!

A Dose Certa

Qualquer forma de narrativa seriada tem que jogar com as quantidades certas de informação sobre os personagens. Há excelentes histórias, e contadas de uma maneira deliciosa pra quem curte os ganchos e clichês da serialização audiovisual, que gastam essas informações logo de cara, como Desperate Housewives em sua primeira temporada. Mas fico com uma pergunta na cabeça: O que vale mais à pena, prolongar a narrativa adiando a recompensa do expectador ou, de fato, dar as respostas tão prontamente quanto a surge a necessidade por parte de quem assiste?

Fazendo uma comparação entre dois produtos que surgiram na mesma época e tiveram, cada um a sua forma, muito sucesso, é possível tecer comentários sobre o desenrolar do novelo, e ambas investiram pesado nos elementos de novelização (no sentido latino-americano mesmo!) das séries americanas nos anos 2000. Desperate Housewives e Lost, ambas estrearam na mesma época, na mesma emissora e, em 2010, Lost está chegando ao fim como uma das mais importantes séries da história e Desperate Housewives desagrada até os fãs a cada episódio.


Enquanto Lost demorou quase 3 anos pra começar a responder as perguntas que levantava, Desperate Housewives inicia e fecha a cada 22 episódios. Ao meu ver, Lost, que pela demora de me dar recompensas foi me perdendo ao longo do caminho, conseguiu se manter, à medida do possível, mesmo com a crise pós greve de roteiristas. No entando Desperate Housewives, com seus ciclos fechados, não conseguiu, ao longo dos anos, manter a uniformidade na qualidade das tramas. Dizer que adoro mesmo Desperate Housewives e que faço todos os esforços pra ver é algo que posso apenas quando me refiro às 1ª,  3ª e 4ª temporadas. Contudo, apesar de não me agradarem as outras temporadas, o parâmetro ainda é ela mesma.


Mas dei todo esse rodeio pra chegar na série que considero ser o meio termo desses modelos díspares. The Good Wife tem, no geral e a cada episódio também, as duas opções em ótimo nível. A cada episódio é contada uma história singular com pontos intrigantes, no melhor modelo das séries de procedimento, enquanto, paralelamente, o que amarra essas histórias é a mais que intrigante história central, onde o principal drama é: Quem é honesto e o que é honestidade?

Em The Good Wife a dosagem é perfeita entre questionamentos e recompensa e, melhor ainda, é levantada uma pergunta nova, as vezes sobre a trama outras vezes sobre a posição de alguns personagens, que nos leva ao próximo episódio. E, claro, tudo isso dentro de um texto inteligente  que te prende pela dificuldade dele (algo que eu adoro).

Santa


Tem pilotos que devem ser ignorados. Por melhor que a série seja, o elemento "piloto" é um saco. Extremo oposto é Nurse Jackie.

Quando li sobre, enfermeira com dor crônica e problemas pessoais viciada em medicamentos, achei que era apenas House na versão Edie Falco. Não é. O piloto dessa série chama muita atenção.

Pra esquecer Dr. House, basta dizer que Jackie se esforça. Seu erro maior é se importar, se culpar, tentar, não aguentar a inércia do meio onde vive. É isso que justifica tomar os remédios: resistir! Ou pelo menos é o que ela quer acreditar. Acreditar que é santa, como fica óbvio todas as vezes que surgem referências a pelo menos cinco santos que eu pude contar.

Mas é TV à cabo americana, a intenção é ser real. Pra isso a série te manda embora do piloto com Jackie dizendo: "Deus, me faça boa, mas não agora!". A cena seguinte mostra duas crianças negligenciadas, um marido traído e uma casa triste: a família da santa.



ps.: O Showtime já fez as pessoas defenderam uma mãe traficante, um serial killer e agora é a vez da enfermeira louca...

Terror, Luz & Sombra

Acho impressionante como produtos que, aparentemente, seriam "menores" por possuírem o público alvo que têm, conseguem se sobressair através do apuramento técnico de suas produções. Estou falando especificamente de The Vampire Diaries.


Tenho mergulhado num encantamento visual por ela, que isso tem me estimulado, ainda mais, a trabalhar TV nos meus estudos futuros. A história é meio batida, e apesar de uns bons atores, ela não foge a nenhum dos clichês do gênero vampiros e muito menos do gênero teen-movie que o criador desta série, Kevin Willianson, é um dos maiores responsáveis (ele é criador de Pânico, Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, Dawson's Creek e tome adolescente...). The Vampire DIaries, em resumo, gira em torno de dois irmãos, Stefan e Damon, disputando a rainha do baile, Elena.



No entanto, o que é mais interessante ver, e "ver" é a ação em questão, é o apuramento visual dado no tratamento desta série. Stefan, supostamente o bonzinho, é apresentado sempre meio-exposto meio-escondido por sombras, enquanto seu irmão, Damon, supostamente o malvadão, está sempre de frente, completamente iluminado, mesmo no escuro. Isso acabar criando uma sensação de que Stefan não conta toda a verdade, há, com certeza, coisas obscuras sobre ele que ainda colocarão Elena em perigo.

Esse jogo de luz e sombra pode ser muito percebido no episódio 7 da primeira temporada, quando é decidido por Elena, em meio aos irmãos, aceitar ajuda de Damon para diminuir o sofrimento do irmão dela. Nessa cena, Stefan está imerso em sombra tentando convencer Elena que já fez tudo que pôde e que não pode evitar o sofrimento de Jeremy. Neste momento Damon aparece, como disse antes, de frente e totalmente iluminado, oferecendo ajuda. Elena aceita, afinal, é claro (ahn ahn, pegou?) que Damon está falando a verdade, ele pode ajudar.

                                                              (Esse aqui é Stefan, tá?)

Pode ser que eu esteja vendo com boa vontade demais, mas acredito piamente na arte da televisão e em seu caráter subjetivo, e também no seu potencial experimental. O próprio Hitchcok já havia declarado que  Psicose surgiu de sua vontade de levar para o cinema a linguagem visual que ele havia experimentado na TV, com seu program Alfred Hitchcock Apresenta.

Dexter, pai do ano!



*Decidi escrever isso aqui antes de ver o último episódio da 4ª temporada, assim evito algum spoiler que passe despercebido pela empolgação.

Esse blog, já gastou linhas e mais linhas falando de Dexter e por isso não vou me alongar. Mas quem viu qualquer pedaço desta 4ª temporada de Dexter sabe que o que é um bom roteiro de suspense, um bom drama e, principalmente, que bons personagens não são quase nada sem bons atores.

Constituindo família de maneira formal no final da terceira, Dexter assume o papel de pai e, como o próprio Harry diz na série, precisa decidir que papel ele interpretará: pai, serial killer, analista de esparramento de sangue, irmão ou marido. Dexter, obviamente, não desempenha nenhum deles com destreza, nem mesmo quando o Dark Passenger toma de conta, na verdade, os maiores vacilos de Dexter ocorrem no campo que ele se sentia mais confortável: o de esquartejador.


Para retratar tal momento da vida do nosso herói (!) Michael C. Hall esfrega na cara de todos os prêmios que nunca ganhou, que ele não precisa disso para ser SIM o melhor ator de TV atualmente no ar. A diferença de Dexter Morgan e o Dark Passenger, quando ele mata suas vítimas, sempre foi uma especialidade na interpretação de Michael, mas dessa vez, esses limites se confudem e o Passageiro acaba aparecendo em horas que não deveria. Há uma cena em que Dexter avança em Arthur, seu Nemesis dessa temporada, que é assustador até pra quem acompanha a série a 4 anos.


Tradição das outras temporadas, o rival de Dexter, dessa vez consegue finalmente ser o que promete. Não que Lila, Doakes, I.T.K. e Miguel Prado não sejam "inimigos" à altura dele, mas Arthur Miller finalmente é o monstro definitivo que Dexter precisa enfrenta. E o melhor de tudo, nas mãos do comediante John Lightgow, o papel se torna uma ameaça ambulante. John justifica a indicação ao Globo de Ouro, mas de tão bom, tem cara que não leva, só pra continuar a tradição de injustiças com a série.


E por fim, e mais importante, minhas previsões se concretizam... Debra Morgan (Jennifer Carpenter) tem se tornado a melhor detetive de Miami, um caçadora de serial killers de deixar o próprio Harry Morgan com medo e Frank Lundy orgulhoso. Mais lenha na fogueira que promete ser a 5ª temporada. Nada me tira da cabeça que o grande confronto que se anuncia é o dilema de Deb diante do fato de su irmão ser o principal serial killer em atividade, em Miami. E Jennifer tem milhões de chances de elevar Debra ao posto de oponente do irmão, em todos os sentidos, e consegue!

Com o bônus de desenvolver melhor todos os outros personagens muito bem, e mesmo sem ter terminado de ver, posso dizer que não há, nesta temporada, um episódio morno que seja. Só me resta aguardar a 5ª e torcer pra que tudo dê certo. Isto é, o bem prevalecer o mal(!) e Dexter, um serial killer, sair ileso e viver feliz com sua família.