Aos Brasileiros, Odes Máximas

Os atores Brasileiros estão para mim como os diretores espanhois estão para o mundo. Sensíveis e precisos. Sou nacionalista e acima de tudo novelista brasileirista. Isso todo mundo sabe. Esse texto, quero fazer uma ode aos atores brasileiros. Não pretendo ousar lembrar todos os meus favoritos, mas vou exemplificar com os que estão no ar.

Um feito inédito está acontecendo pra mim. há quatro ótimas novelas sendo exibidas (Ciranda de Pedra, Beleza Pura, Pantanal e A Favorita), somado a isso tem A Grande Família, Casos e Acasos, Toma Lá Dá Cá, Menino Maluquinho e lá vai paulada. Em cada um desses tem atores que vão além do "dar show", estão criando uma aura mais mágica ainda para sua profissão.

Claudia Raia criou uma donatella mais exuberante que a própria atriz. Nasce nos braços a interpretação dela. O encanto de Donatella Fontini vem do seu não saber o que fazer com os braços, mesmo muito forte e grande, sua fragilidade emocional está na postura curvada, sabido que não é natural da atriz/bailarina na qual a socialite incorporou. Sua caracteristica sentimental mais forte é ser passiva/agressiva, chantagia emocionalmente qualquer pessoa que cruza seu caminho e é ai que mora o perigo... é calculismo isso? carência por ter sido "abandonada" pelos pais, ter seu marido assassinado pela melhor amiga (segundo ela), um filho desaparecido, nenhum lugar que a acolha no mundo? Desde já, se Donatella for a causadora do sofrimento de A Favorita, o tal crime, não digo que é justificável, mas no mínimo compreensível a confusão mental em que a personagem vive.

Ary Fontoura, tem ainda tão pouco tempo nesta novela e já abocanhou como um leão. Bastou uma cena de telefonema. Conhecida nas novelas como uma das coisas mais cômicas, essas cenas em que o ator fala sozinho, sem dar tempo pra reposta do outro lado da linha, sempre me fazem rir. Silverinha não fez isso, Ary conversou por 30 segundos com Zé bob ao telefone e deu a perceber todo seu comportamento com a patroa que antes era sua empregada, quando ele era empresário da dupla sertaneja. Ele manipulou a situação, sendo maquiavélico mas ao mesmo tempo doce, por mostrar carinho por Donatella, e em 30 segundos fazer o público (os atentos claro) perceber que Silverinha manipula os fatos à sua vontade.

Mauro Mendonça e Glória Menezes dividem a novela. A questão não é quem matou, pelos menos pra mim. A questão é por quem eu vou sofrer mais quando acontecer a decepção: Irene ou Gonçalo? Eles são tão cativantes em seu carinho cada um pelas antagonistas que eu fico confuso.

Flora divide o desconforto com o mundo que Donatella tem, mas Patrícia Pilar inteligentemente incluiu um gestos tão agressivos na personagem que se fez mais que viável para o autor a virada de colocar Flora como uma vilã amarga, invejosa, rancorosa e calculista. Houve uma cena em que ela falava para Zé Bob que ele iria se apaixonar por ela, e ela nao duvidava disso. Foi de tamanha ameaça essa declaração que eu tive um riso nervoso, igual ao do personagem. Nessa hora aconteceu, me apaixonei!

Daniel Dantas já teve um post só dele aqui quando fez Paraíso Tropical. Ele é o ator brasileiro mais minimalista que eu conheço, o que é essencial em Natércio de Ciranda de Pedra. Ser forte e ao mesmo tempo desiludido, mostrando isso na boca cerrada. Não poderia ter uma oportunidade melhor para contrastar a doçura de um com a dor de outro.

Milton Gonaçalves abriu mão da sua simplicidade ao fazer personagens pequenos e colocou exageros no seu político, que é o papel fora do núcleo principal que mais aparece na trama. Romildo Rosa tem todo o trejeito de um deputado em plena campanha, e assim lida com sua família. Oportunidade inclusive pra já merecedora Taís Araújo, que consegue impor sua personagem tão bem quanto Alícia se impõe ao pai.

E tem o elenco de A Grande Família que tem o tom certo de um programa que merece ser um dos maiores sucesso da televisão dos últimos sete anos. Parece tudo isso pra vocês? pra mim a impressão é do mesmo frescor com cheiro de amaciante de mamãe que tinha em 2001.

O post ficaria interminável e niguém leria todo. Paro por aqui, mas a minha vontade é de ficar falando de cada um deles: Tarcísio, Nathália, Angêla, Ana Paula, Ana Beatriz, Lilia, Jackson, Caio, Antônio, Walderez e um monte que está no ar. Alias, falaria até começar Ciranda e só voltaria depois que terminasse Pantanal. :)