Não tem lição de moral, não tem ensinamentos e nem é um livro escrito em facíco. É uma série com uma historia interessante. Por mais que seja crítica, ácida e pertinente ao momento o maior trunfo de Dexter, a série, é o mesmo de seu narrador-protagonista. Ser individual.
Dexter, o personagem, é um assassino em série que teve seu potencial descoberto pelo pai ainda na infância. O pai era policial em Miami, famoso por ter salvo uma criança que viu sua mãe ser assassinada. Justamente o garoto que ele adotou como Dexter. Cheio de moralismo, o pai, que já lidava com pessoas semelhantes à que seu filho se tornaria, resolveu condicionar o comportamento do rapaz. Fez de Dexter um justiceiro. Ele deveria direcionar seus extintos para outros iguais a ele que venha a identificar. Para mascarar, deve fingir seus impulsos e verdadeiros sentimentos, tudo isso trabalhando como investigador de cenas de crime, especialista em manchas de sangue. Justiceiro queria o Pai e assim pensa Dexter ao esquartejar friamente um professor que ele identificou como pedófilo/psicopata. Narrado em primeira pessoa, não há nada mais cínico do que as constatações de Dexter para justificar seus crimes. O mais interessante é que a narração não é uma onipresença como costuma ser esse tipo de criação. O conhecimento de Dexter sobre a situação é o presente momento da ação, logo se nós estranhamos uma situação em particular, ele automaticamente estranhará e assim será a narração, já que o ponto de vista dele é o nosso.
Há artifícios interessantes encontrados por Dexter para se sociabilizar. Ciente de sua condição de filho adotivo, ele ainda assim tem muito... muito... sentimento pela irmã. Ele chega a falar: “se eu gostasse ou sentisse alguma coisa por alguém, ela é o que chegaria mais perto de algo bom.” (mais ou menos assim! não lembro exatamente) e os que o cercam ainda são vítimas de comentários mais sarcásticos ainda, como a namorada dele. Escolhida por Dexter à dedo, oportunamente ela é mãe solteira de duas crianças (logo não tem tempo pra respirar) e era constantemente espancada e estuprada pelo ex-marido: uma mulher carente, grudenta o suficiente pra não estranhar seu namorado e nem sequer cogitar sexo, uma prática que pra o assassino é abominável até então.
Dexter, a série, por sua vez é tão inteligente quanto, ao encontrar meios através da fotografia excelente de acrescentar ao personagem. Por exemplo, ao assistir, perceba como nas cenas externas(dia), a exposição da lente à luz é quase total, estourando todos os quadros e ressaltando cores berrantes no meio de uma Miami calorenta e cheia de pessoas semi-nuas. Essas imagens são um paralelo muito interessante à exposição que se submete o personagem ao pôr a cara na rua. Já as cores, numa análise bem particular, representam toda a diversão que ele tira dessa exposição.
Somado a tudo isso, tem a atuação de Michael C. Hall (o irmão gay em À Sete Palmos/Six Feet Under) que se não fosse à altura do personagem, e dos aspectos técnicos, colocaria tudo a perder já que ele está em cena 98% dos 50 minutos de duração.
Para ter uma idéia mais urgente do que estou falando, veja o cuidadoso trabalho feito nos créditos de abertura da série. Com laranjas que simulam vísceras, fio dental movimentado em câmera lenta que parece a arma mais ameaçadora do mundo e como ver Dexter de perto pode ser intrigante.(Vide post acima)
3 Comments:
Bem legal o texto, comentou sobre uma das coisas q mais gosto em Dexter: A narração em primeira pessoa.
Já viu os dois episódios vazados da segunda temporada que estréia em Setembro? Sensacionais, pra dizer o mínimo.
eu quero ver, tu tens?? *.*
maria antonieta tá aqui pra eu te devolver...é delicioso :ppp
Tá certo q a narrativa em primeira pessoa é um diferencal.
Mas no fundo a série se parece muito com tantas outras no formato "policial que sabe tudo de crimes sangrentos prende bandido burro que deixa um monte de pistas", como as CSI da vida.
Não vi grande coisa.
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