A sensação que dá é de que tudo que poderia ser dito sobre A Favorita neste blog já foi dito. Hoje me resta apenas guardar luto pela morte de Gonçalo.
É preciso muita coragem para tirar um personagem deste tamanho da trama, um personagem cujo intérprete é alguem tão importante quanto o papel. Coragem aliás que João Emanuel Carneiro já mostrou que tem, e de sobra, e tem também o talento pra fazer a trama seguir daí.
Atos aliás que podem curiosamente ser definidos pela trilha curta do final do capítulo de hoje. Se alguem lembra, além deste louco aqui, esse tango é o mesmo que foi usado na primeiríssima cena da novela, Flora saindo da cadeia (pavor em lembrar disso). Tecnicamente impecável, este capítulo, que para o autor é o melhor capítulo de novela que ele já escreveu, é um para ficar na memória, acima de tudo pela perfomance de um ator tão magnífico quanto Mauro Mendonça e um trabalho de direção tão preciso. É de dar arrepios o som do engasgamento de Gonçalo. E apenas o som, porque a cena que vemos é pior ainda: Flora ensaguentada aguardando mais uma vitória alcançada através da coreografia perfeita da inteligência do personagem mais intrigante neste momento relevante da teledramaturgia brasileira.
E é com o último suspiro de Gonçalo, mais uma gargalhada de Flora e a violência gráfica deste capítulo que começa o terceiro e último ato desta narrativa que potencializou o poder de comoção de uma novela. A partir de agora é pouco mais de um mês para tudo isso ter fim, seja lá qual for... e não duvidem, João Emanuel Carneiro fará o que ele quiser com essa história.